
Podemos até rescindir contratos, mas nunca as lembranças, ainda mais quando elas chegam com gosto do beijo, calor da alma, cheiro do encanto, das primeiras flores, das surpresas inusitadas, dos pés se esquentando, da leveza das mãos, do conforto do abraço... Lembrança docê, de nós, a sós. Uma vez "entre nós" ouvi que "Porque não ficamos com a parte das pessoas?". Nós ficamos, só não vivemos ela a todo momento, porque a vida não é feita de recordações, elas podem até nos motivar, nos alimentar, fazer crescer e amadurecer, mas a vida segue, e de fato as pessoas não são feitas apenas de coisas boas, infelizmente. Nós é quem escolhemos o que queremos levar conosco. E pra quê levar coisa ruim? A rigidez dos dias já nos traz tanto peso. Pra quê mais coisa que leva pra baixo? Isso não quer dizer que as coisas ruins não serão lembradas, muito pelo contrário. Dizem que não devemos confiar no que as pessoas dizem, mas acreditar no olhar delas, porque o os olhos dificilmente conseguem mentir. E diante de olhos cheios de mágoas, cansados, cheios de olheiras, pesados, carregados de lágrimas é impossível não lembrar à que nos leva a esse ponto. De fato existem coisas ruins que não ditas, mas faladas com o olhar. A gente sempre vai dizer que tá tudo bem, que somos fortes, que já superamos, que já nos reciclamos, mas os olhares não nos deixam mentir, até mesmo quando olhamos para o espelho, lá em casa, no banheiro, lavando o rosto. Porém, o que mais precisamos agora não são das lembranças, mas de olhar pra frente e, de alguma forma, nos projetar lá. Lá onde está a nossa essência, nossa paz, nossa alegria, sem o "se" e com todos os pingos nos "is". Deixando o tempo passar e nos fazendo enxergar se esse é mesmo só o começo do fim das nossas vidas.