23.2.12

Viver é deixar morrer.

Comecei a deixar morrer tudo de ruim que nasceu em mim. Vou deixando morrer aquela baixa auto-estima, aquele desgosto, aquela frustração de não ter saído tudo como havia planejado, aquela desilusão por sonhos não realizados, aquele desencanto por mim e por todos em minha volta. Vou deixando morrer meus olhos tristes e cheios de lágrimas, meu coração já machucado e cansado de tanto sofrer, minhas gorduras indesejáveis adquiridas com a ansiedade por tanto querer saber como poderia ser o outro dia, minha cabeça que estava cansada de pensar coisas ruins e sempre querer saber o por quê, meu cabelo ressecado pelo o estresse que me causava. Vou deixando morrer a minha alma onde habitou outro corpo morto.
Foi, é e sempre será necessário deixar morrer, porque só assim haverá espaço pra nascer algo novo e diferente. A morte é também um sinal de esperança. Enfim, depois do luto, depois de deixar tudo morrer, começarei a preparar o espaço para o nascimento de uma nova alma, um novo corpo, uma cabeça mais tranqüila e um coração em branco, limpo, vazio, mas ao mesmo tempo cheio de amor.  Estou com a alma leve e tudo está mais transparente! Agora posso ver! Reconheci algumas pessoas, conhecerei outras e lugares novos.  Estou viva e todo dia é dia de viver de verdade. Hoje é apenas um dia a mais que eu ganhei de presente da minha vontade de viver. Hoje é dia de comemorar!Sabe por quê? Porque hoje é (mais) um dia incrível dentro de mim, e nasci pra vida outra vez. Orgulho é saber que o deixei, junto com muita vontade de viver, por onde passei.
A cada dia eu reconheço que a vida é mesmo uma série de recomeços, de novas e boas chances. E temos que aproveitá-las.
Ontem li a  crônica da Martha Medeiros  "A melhor coisa que não me aconteceu", onde ela conta ter perdido uma viagem pra Disney aos 14 anos de idade e acaba indo pra Porto Seguro onde conheceu as amigas, hoje, inseparáveis  de sua vida. E se não fosse uma viagem perdida, um relacionamento que não foi pra frente, talvez não teria conhecido pessoas, melhores e estaria acomodada a uma infelicidade e um desprazer, ou seja, não ter ido pro Rio de Janeiro no carnaval foi a melhor coisa que não me aconteceu.