10.7.15



Há dias em que queremos abrir a janela do carro e sair gritando na rua, falar pro outro tudo que ele merecia ouvir, mas hoje não é um dia assim. Hoje é um dia em que prefiro me ausentar  e me calar. Já disse tudo o que havia de ser dito, fiz tudo o que havia de ser feito, fiz até demais.
Não! Não vou me perder nos quarenta e cinco do último tempo, não vou ser questionadora, nem exigir explicações, muito menos ficar com a parte ruim da partida. 
Prefiro assim. 


"Pior do que uma voz que cala/É um silêncio que fala".
Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. 

Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. 

Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. 

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado. 

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando". É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro. 

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma megasena. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem."


texto: Martha Medeiros

2.7.15

Sabe aquele tipo de gente que quando passa a ter deixa de ser? Pois é... Não curto.
Eu sei bem que essa vida da voltas, que ela se reescreve, se recicla, se suja e se lava a todo instante. Sei bem que ela tem uma capacidade enorme de se mostrar de bem comigo, ao mesmo tempo me ver com tamanha cara de espanto dizendo a ela:" mas já?". Não adianta pedir que fique um pouco mais, pois ela sabe a hora de deixar partir. Idas e vindas, voltas e reviravoltas...
Essa vida que chega sempre com músicas novas, bandas repetidas, outras vozes, algumas traduções, sem legenda, manias, velhos hábitos, histórias, piegas, cheiro peculiar, um sorriso à toa e aquele jeito clichê de conquista. É essa vida que também faz tudo isso acabar num instante.
Ao ler os textos desse blog vejo que a vida vem se encaixando sempre numa história parecida, em outro trilho, que nunca é o último romance, com a pessoa certa na hora errada, no mesmo drama, em outro trauma, na dor, na alegria, na paixão, mudando cenários nas estações alteradas por esse eterno efeito el niño que é viver e se entregar. 
Um brinde a nossa capacidade de se reinventar! Porque lá no fim a gente sabe que depois da tempestade vem a calma[ria]. Devemos aprender a dar valor aos dias ensolarados sim e mais que isso... aprender a dançar na chuva.  







Para essa estrada longa da vida só desejo (agora) um tanque cheio e uma boa playlist.